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Livro de prefácios
e comentários

 

Wanderlino Arruda

2014


ANTONIO AUGUSTO B. MOURA, NOTÁVEL ARQUITETO

É a arte um objeto de criatividade, um sentimento lúdico ou brinquedo do espírito ao mesmo tempo bonito e agradável? Seria a arte um dispêndio gratuito da energia dos sonhos ou da vontade de alguém estar na fotografia da história? Está a arte efetivamente disponível para melhorar a qualidade de vida de quem a produz e/ou de quem se beneficia dela? Segundo Paul Valery, a arte é aproveitamento de coisas que transbordam, algo que ultrapassa as linhas do senso comum, alguma coisa bem a mais no ser e no estar da vida.

     É com todas estas considerações que me lembro do nobre entusiasmo do meu amigo doutor Antônio Augusto Barbosa Moura, companheiro de Rotary, conselheiro em questões de estética e arquiteto-administrador da construção da casa onde até hoje moro com minha família no Bairro Todos os Santos. Impossível recordar os tempos de Moura sem refletir em minha visão a capacidade incrível que ele tinha em delinear, quase em insights, formas da mais moderna arquitetura, válidas para a década de sessenta ou para qualquer outro tempo. Impossível, porque Moura foi sempre para mim o gênio da criatividade inteligente e prática, útil e bonita ao mesmo tempo.

Agora que seu filho Antônio Augusto Pereira Moura, também arquiteto dos bons, registra em livro vivências da arquitetura do pai, vejo-me de pé e alerta para também marcar testemunho do quanto o doutor Antônio Moura foi importante para o urbanismo de Montes Claros, considerados sonhos e trabalho, profissionalismo e cidadania. Foi dele a moderna e rica linguagem arquitetônica, tudo em pacífica revolução de conceitos, com mira direta no conforto do sentir-se e do viver bem, inovando as construções com novos materiais, principalmente com a utilização de revestimentos cerâmicos, pedras naturais e panos de vidro. Suas pérgulas, seu paisagismo sempre inovador, trouxeram-nos mudanças nas formas e nos coloridos, jardins externos e internos com dracenas, bromélias, ixoras, agaves, bambus.

      Concluídos os cursos de Arquitetura e Urbanismo na UFMG e de especialização de Urbanística Técnica na Itália, Moura volta para a nossa Montes Claros e o seu escritório na Rua São Francisco passa a ser um ponto de referência para tudo que era projeto de modernidade na arquitetura e nas ideias de desenho. Simples, alegre, participativo, consciente dos seus deveres de ofício, gentil em todo o tempo, era um real amigo de todos que o procuravam para uma opinião profissional ou para um dedo de prosa, gosto maior de todo mineiro amante da vida. Tanto era um grande e importante profissional, que até hoje, quase quarenta anos passados, permanece vivo em nossa lembrança como quem mais marcou o progresso da arquitetura em Montes Claros e em muitas cidades do Norte de Minas.

     Parabéns ao autor, Antônio Augusto, filho, e aos colaboradores dra. Viviane Marques Silva Dias e fotógrafa Maria Lucília Veloso Teixeira pelo registro de tão gratas memórias que temos do inesquecível do arquiteto Antônio Augusto Barbosa Moura, que nos deixou tão cedo na viagem da vida e do tempo.

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